
Com o tempo maior de vida – aqui e lá, também – vamos desprezando a boa energia que se esvai nas cobranças, dúvidas e nos sentimentos persecutórios. Buscamos mais uma solidão sem tédio, a ação física exterior substituída pelo pensamento. Pensamento e sentimento, ambos ações interiorizadas. O realismo vai sendo ofuscado pela ficção. Ações na literatura do romance e dos contos. Não se fica mais nos estados de medo, diminuindo a sensação de que o próximo seja um bandido. A gente se resguarda mais, até de quem nos abraça. Ainda difícil não se sentir agredido pela ofensa do outro. Ascender para uma consciência superior é árdua tarefa. Vamos aprendendo com as consequências das nossas ações. Se o próximo pode ser um malfeitor, outro possui aura que pede afeto. Recursos aquinhoados devem ser administrados em favor do outro, mais do que para alimentar o próprio ego. Mentiras na mochila e falsas virtudes poderão seduzir a muitos. Agora, depois de tantos passos, qualquer caminho se torna mais curto. Comum exigirmos de outrem o que devemos obter por nós mesmos. A duras penas, não nos iludamos mais: todo poder é transitório. Prudência não deve virar um colete apertado*. Crer numa felicidade completa, antes de se promovê-la no semelhante, demonstra fraqueza de espírito. O tempo consumido em não fazer o que nos compete é muito maior que o exigido para a sua execução. Quem possui uma consciência tranquila? Em caso positivo não se precisa advogar em causa própria. Palavras jamais prevalecem sobre atitudes. Sempre obstáculos com que se defrontar. Em geral são sinais para a nossa melhora. Surgem à conta de novas aprendizagens e não como empecilhos definitivos. Acontece de às vezes soçobrarmos, vendo bloqueios como irremovíveis. Só que não passam de alertas psicológicos. Soluções para muitos problemas estão inscritas em nosso inconsciente. Paciência e uma vigília construtiva ajudam a acessá-las. Assim como sonhos, na sua linguagem simbólica. Em nossa mente, as intenções mais recônditas. Chegamos a engendrar planos de engodo, até “jeitosamente”, na tentativa de nos isentarmos de culpa e responsabilidade. “Não temos tempo”, “nossas ocupações...” Pergunto: o que fazer com a eternidade do mágico instante do minuto que passa? Resta a questão: o que se daria em troca da própria alma? Falo do outro que, também, sou eu. (Foto ES)
Nenhum comentário:
Postar um comentário