24/04/2011

UTOPIA OU MEDO

Nossa razão está muito voltada para resultados quantificáveis. Fala-se muito em objetivos, no que funciona ou não. A tecnologia e a ciência como mestras da vida. Sempre preocupados com resultados, a intuição e a criatividade ficam para as traças. Com a razão instrumental permanece enfraquecida nossa parte mais sensível. Precisamos então de uma nova razão. Razão que seja um elo entre a intelecção e o sensível. Acrescentaria a espiritualidade. Para muitos, este termo é evitado como se implicasse em fé irracional, ou declive mítico. Ao contrário, a espiritualidade ajuda a clarificar o diálogo entre o formal e a sensibilidade. Outra coisa: Paz e tolerância são palavras, há séculos proferidas, mas que não se concretizaram. É também o caso de amor e solidariedade. A gente se acostumou a ver cooperação e identidade de sentimentos em situações de tragédia. Quase que só. O fundamento do nosso ser anseia por presença, corporeidade, sensibilidade, espiritualidade, plenitude. A existência humana possui um lado caótico gerador de ansiedade e angústia. Estados depressivos crescem de forma assustadora. Acredito que o medo tem a ver com a falta de espiritualidade. O apuramento de nossa razão, não através de uma consciência alterada, mas pela reeducação do sensível – a arte ajuda –, pode produzir uma utopia salvadora. Não há saída: a utopia ou o medo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário