
Um livro que se lê é um livro que se interpreta. Dele extraímos o que nos convém e o que sentimos. Cada um possui matriz própria de assimilação. Num certo sentido, todo livro funciona como autoajuda. “Fugir ao mal sem o experimentar”, o que já disseram. De forma inconsciente ou não, o que buscamos nas leituras – salvo quando isso é obrigação –, é o prazer, a alegria, a tomada de consciência, aprimorar-se, fugir à dor e aos sofrimentos. No livro “Guerra e Paz”, de Tolstói, surgem questões sobre a felicidade, a dor, a satisfação de necessidades, a liberdade de escolha. Do contexto faz parte o prazer de comer quando se tem fome, de beber quando se tem sede, de dormir quando se tem sono, de se aquecer quando se tem frio, de falar quando apetece ouvir voz humana. Sinto que o excesso de atenções paternalistas e de comodidades destrói a felicidade resultante da satisfação de desejos. Liberdade de ação, instrução e aquisição de cultura, riqueza pecuniária, posição social, podem tornar a escolha do que fazer e das ocupações profissionais excessivamente difícil e, por isso mesmo, obstruem a exigência e a necessidade de ação. Tende a acontecer uma acomodação passiva bem diferente do não-agir para que se atue de forma mais adequada.
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