
Lembro Fellini quando diz que dar informações é fascismo। O que se escreve vale no contexto em que surge. Com a informação eletrônica e o avanço do marketing existe um caudal de notícias, solicitações, pontos de vista pessoais, manobras, tudo com roupagem de fatos. A maioria não passa de versões. Informações, em geral, pressupõem o “compra e vende”. Visam seduzir. Na mídia escrita e televisiva, o que se pretende é estar dentro do fato, enquanto este acontece, ainda que no momento seguinte a informação seja reparada ou mesmo negada. Surgiria, então, outro fato... ou versão? Informo sobre o livro “O Presidenciável de Atibaia”, em fase final de processamento, burocracia de editoração. Não pretendo fazer crítica, analisá-lo de forma profunda. Isso fica para profissionais dessa tarefa, sempre de plantão. Possuo o hábito de seguir impulsos, mais identificado psicologicamente com o aqui e agora. O livro me tocou pela originalidade da postura do autor. Tendo vivenciado, como jornalista, os bastidores da política, desde longa data, ele faz uma espécie de autópsia da época em que nos encontramos. O momento dessa “arte grotesca”, tão marcada por atos deploráveis, a todo instante carrega o subliminar ideal de um dia virar “arte nobre”. Mas vamos a minhas impressões, justamente quando a capa do livro fica pronta não sem vários démarches, passos com idas e vindas envolvendo artistas visuais. O livro de Denizar, documento humano e essencial, característico de nossa época, nos desvãos da política, onde e como ela é praticada. Expressão subjetiva e surreal do autor. Certo que pode levar à reflexão mais solta e desenxabida. O livro é fruto de uma consciência perceptível, meros sentidos expostos com imaginação à catarata ruidosa dos acontecimentos anímicos e físicos. De forma sensual e até erótica. O que ocorre é como se não ocorresse. Farsa e burlesco somados, cem mil subgradações de sombras. Há esperanças no vazio das cabeças dos homens públicos? Obra que pode até ser pensada como produto do inferno, pântano pegajoso das manobras de mentes doentias. É, mas não se é moralista ao arquitetar lambanças, revelando-as para bom entendedor. Provável que o leitor espere desfecho de happy end, o que deixo em aberto. Acontecerá algo para reverter o deplorável quadro da política atual, não só no Brasil, mas no mundo? Surgirá um presidenciável digno desse nome? O efeito do livro é monótono ou hipnótico? A ser conferido. (A capa do Presidenciável teve acabamento nas mãos de André Bets/Projeto 10.)
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