26/07/2010

PARA O BEM E PARA O MAL

Das instituições sociais existe uma, talvez a mais intrigante. No que influencia o desenvolvimento da pessoa? Quais os efeitos positivos e os negativos desse espaço, desde que nascemos? Longe de pretender ir muito longe no assunto, e mesmo aprofundá-lo, há aspectos, no mundo de hoje, para mim, de maior interesse. O mínimo que se esperaria na rede de relações, pela proximidade entre as pessoas, é uma interação positiva. Positiva para o desabrochar e aprimoramento de potencialidades reveladas. Sei que vocações latentes encontram a concorrência de profissionais destacados pela mídia televisiva. Funcionam como estímulo e talvez mais como tampões para quem precisaria de melhor acondicionamento a fim de irromper uma qualificação desejável. De tanto se assistir ao consagrado e à consagração, o aprendiz não acreditaria em si mesmo. Pior são os mais próximos que, pelo exemplo de sucesso, não dão fé à prata da casa. Penso, como exemplo, no talento musical em seus vagidos. Nossa cultura privilegia o saber, o quantum satis, a ponto de desestimular os que têm um caminho a percorrer até atingir o que seria aprovado como qualificação apreciável. Lembro quem, ao pesquisar com o que está aprendendo, qualquer que seja a busca, precisa se isolar numa espécie de redoma. Na instituição de que falo, os comportamentos são mais ou menos por reflexo condicionado. Repetitivos e sujeitos a constante clivagem do certo e do errado. Há certa rigidez nos papéis de mãe, pai, irmãos, filhos, daí resultando expectativas e críticas irremovíveis. Cada um é rotulado, em clima pouco atento às diferenças individuais. Alguém já disse que, quanto menor a família, maior a característica de grupo fechado... e desequilibrado. Falo dessa instituição, mas poderia ser qualquer grupo, operatório ou não, de pessoas que vivem em contiguidade. Aqui, a tendência é a de se enrijecer por falta de novas inspirações. Para experimentos se dependeria do outro, em geral rejeitado. Um feixe de duros gravetos mais facilmente se quebra nas intempéries. Lembro uma professora que, pensando em certo estruturalismo, disse que, o que salva o grupo de dois é um terceiro elemento. No caso da família, pode ser tio ou irmão de um dos cônjuges. Tenho observado e sentido que se prefere o artista midiático, já consagrado, a ouvir ou motivar o artista nascente, da casa. O que pensei, no início deste texto, não exclui outros grupos que, pelas personas, também servem de comparação. O reconhecimento da positiva influência de pais, parentes e amigos no berço da família, para que talentos desabrochem, não vale esquecer, é frequente. Artistas geram artistas, pensadores se multiplicam, assim como aptidões que chegam a superar quem propiciou o desenvolvimento delas. Ainda é digno de referência o papel estabilizador de boas forças, a maior compreensão e aceitação das aptidões individuais, a afetividade que se expande e aprofunda, tudo isso a atribuir à benéfica célula potencial para a transformação das pessoas. O exercício com prós e contras, na densidade do espaço familiar, de modo indiscutível é um privilégio. Sei que há formações gregárias, cuja estrutura semelhante, também sugerem o enfoque dado aqui.

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