Ipansotera é um blog de pensamentos. Mesmo em recados há a intenção de promover uma interação reflexiva. Não existe fundo ideológico fechado. O conteúdo são vislumbres de quem vê a vida como aprendizagem do espírito. O autor acredita na interatividade mais do que em afirmações inatistas e comportamentistas.
27/07/2010
ATÉ QUE PONTO...
Entrar de cabeça em terreno minado, talvez o que esteja ocorrendo agora. Não me interessa fazer discurso pró ou contra drogas. Convencido de que palavras escondem verdadeiros fins proponho alguma reflexão. Por pior que seja a gramática, a língua domestica e também liberta. E a admiração que sinto por certas pessoas não me impede o alerta. Li ontem a matéria de Ruy Castro “No grau do inferno” e convivi com gente com alguma drogadicção. Não discuto casos de dependência que levam ao inferno de que fala esse intelectual e colunista da Folha. Estamos cansados de saber que fumo e álcool ganham como agentes de males físicos e mentais, causando desastres sociais e para seus usuários. Enquanto a opção do sujeito é encurtar a própria vida – e há várias maneiras de diminuir os anos de existência –, o que pessoas notáveis o fizeram, nem por isso diminui nossa admiração por elas. O que me encana é a hipocrisia, homenagem que o vício presta à virtude, como dizia Lautréamont. Na denúncia feita por Ruy Castro a hipocrisia se presentifica no episódio sobre a liberação das drogas e principalmente da maconha. Aspectos positivos e negativos têm sido expostos, ela com funções destrutivas e terapêuticas, além dos efeitos psicológicos sobre a autoestima e a criatividade a que, aliás, toda forma de drogadicção pode induzir. Drogadicção, esta palavra, já implica em dependência extrema, assim como o hábito histérico de limpeza e arrumação que se enquadra em toda obsessão burocrática. Com o devido cuidado na interpretação dos termos, me interessa: Assim como acontece com muitas drogas lícitas (cigarro do papai e da mamãe, álcool, sal, açúcar refinado) e ilícitas (as que se conhecem), “a maconha enriquecida com fragmentos de pedras de crack” (conforme li no artigo citado), me leva a um berro de alerta. Até que ponto se chega!
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