Sinto que na fase atual da minha existência, a quarta e última parte de uma vida terrena, me cabe o esforço por integrar as dissociadas funções da consciência (pensamento, sentimento, sensação, intuição). Recuperar o reprimido ou o simplesmente não vivido. Reintegrar os complexos dissociados. Aí, a personalidade se expande. Surge um contraponto à banalização e ao amesquinhamento da cultura moderna.
Os complexos não são patológicos em si. Tal acontece quando adquirem autonomia. É a possessão do eu pelos “corpos extranhos” que define a doença.
Meus “Cadernos”, livros e blogs, além da arte que faço, ajudam a integrar esses “corpos estranhos”. “Fios de sentidos” não previstos e, na maioria das vezes, indizíveis, começam a ser delineados.
O que tenho dito não implica na perseguição de unidade e fixidez. Não se exclui o errático e o nômade. A tendência de permanecer incompleto nas minhas realizações, em que tudo é provisório, se reforça pelas “identidades instantâneas”. Perfil da era de catástrofes em que nos encontramos. A gente está se fazendo, as identidades são de palimpsesto (quando se escreve em cima do que foi raspado).
Reclamo dos meus esquecimentos momentâneos... Penso: Ainda bem que se referem a um presente bem próximo. Mas é preciso esquecer para que se mantenha a conexão com novas imagens e novas possibilidades. Sei, porém, que, com isso, exacerba-se o grau de incerteza cotidiano. Há o perigo de mais cisões e dissociações. A pior é entre presente, passado e futuro.
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