Nosso cotidiano pesa mais que tudo. De forma
consciente ou não somos puxados pelos fatos da vida, que muitas vezes são até
mal interpretados. Existe o mais ou menos importante a solicitar atenção de
quem aterrissou neste belo planeta. A vida é um grande experimento, revelador
da condição humana. Só rende frutos se houver coragem para que nos entreguemos
a ela por completo. Qual a natureza do conhecimento? Quais os nossos projetos e
as ideias? O valor de cada acontecimento ou é percebido de imediato, ou melhor
compreendido em momentos, dias ou anos depois. E ainda há o caso da premonição.
Intuição e sonhos teriam um papel aqui. Qualquer pessoa, de acordo com o que
chamamos de normalidade, encontrou situações desse tipo. Como experiência
própria ou de outrem. O bom e o mau, o triste e o alegre, alinhavam até o que
se costuma ter como paranormalidade, visões, mediunismo, milagre. Para os mais
racionais, também, cálculo probabilístico. Uma ciência menos dogmática incluiria
o espírito de busca despertado pela palavra “mistério”. “Criação imperfeita”, “natureza
e seus mistérios” podem ser expressões a denotar atitude investigatória.
Coincidências significativas, quando um acontecimento psíquico e outro físico
estão ligados por uma relação não causal, é o que Jung chama de sincronicidade,
termo criado por ele. Hoje, por interesse voltado a questões neurológicas,
encontro matérias jornalísticas dirigidas ao meu campo atual de provas. Isso no
início deste mês (março, 2015). Uma de Contardo Calligaris (psicanalista e
escritor) e outra do professor de física, astronomia e filosofia natural
Marcelo Gleiser. Vou me deter neste autor de livros do meu dia a dia, área de
fé e ciência. Marcelo faz um depoimento sobre Oliver Sacks, neurologista e escritor.
Comenta o argumento de Sacks sobre pessoas, em condições raras e estranhas, que
médicos não sabem o que fazer. Necessário ouvir as histórias dos pacientes,
ligar-se a elas, a fim de se forjar um caminho para a cura ou, ao menos, para que
se incite neles a empatia e o respeito dos outros. Somos uma história, daí a necessidade
de se romper o silêncio sobre ela, pois uma história sem ouvinte é algo
desprezado como essencial para a pessoa. Oliver Sacks está com câncer terminal
do fígado. Nas palavras de Marcelo, “é uma alma rara, um coração de ouro que
ressoa com um intelecto iluminado, pessoa de uma delicadeza emocional ímpar,
capaz de vislumbrr os vestígios de humanidade enclausurados nos cantos mais escuros
de vidas desintegradas”. São amigos. Os escritos e palestras de Sacks iluminam
como ninguém as patologias neurológicas que “afligem tantos de modos distintos,
por vezes incapacitando as pessoas a se relacionar normalmente – aprisionadas
dentro de si mesmas”. Marcelo termina o artigo: “Sua criação permanecerá viva
entre nós, inspirando e iluminando muitas gerações ainda por vir”. Contardo
Calligaris fica para depois.
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