09/07/2015

INTELECTO DIVINO E RAZÃO HUMANA

A aquisição de conhecimentos é um processo importante desde que ela não se resuma a mera acumulação de dados. Leitura, novas experiências, filmes, relações grupais e artísticas... Entram aqui leigos e acadêmicos de um saber constituído que precisa se renovar. Dá para incluir especialistas que chegam a saber o necessário na vivência profissional, mas cuja aquisição do saber pode pipocar para o nada. Transferir o Google para a nossa mente é como querer abarcar o infinito pelo gargalo de uma garrafa. Temos a universalidade abstrata do lógico-formal (1); o movimento dialético  que confere universalidade ao particular (2) e a concreção psicologicamente vivenciada ao universal (3). Isso para se dizer algo a ser melhor compreendido. Vamos nos esforçar para explicar essa coisa do abstrato e do concreto, do conceitual e do vivido. Nas três modalidades de conhecimentos temos o papel do movimento dialético, em que conhecimentos nunca são fixos, entendendo que a dualidade de papéis pode inverter as posições de abrangente e agente. Lembrando: abrangente (valor, paradigma); agente (pode ser o concreto sobre o qual agir). O que conhecemos faz parte da percepção sensível, ou temos o movimento do particular ao universal e o descenso do universal ao particular. Ainda existem simbolismos como formas de concentração de energia e que ajudam a nos abrir o leque compreensivo para conhecimentos de um ponto de vista espacial e outros de caráter temporal. Deslocamentos espaço-temporais contribuem, em tese, para nos conduzir, simbolicamente, a uma maior clareza sobre ambos os planos. “Em tese”, tal expressão, abre novas possibilidades. Daí decorreria a “concreção do universal” e a “universalização do particular”. Eis um modelo de desenvolvimento dialético lógico-temporal, a partir do princípio dado, que confirma o padrão de relações entre o Intelecto divino e a razão humana. Ao falar em “divino”, penso no que transcende.  
Há conhecimentos que excitam a função imaginativa. Razão ou intuição determinam, pela vontade, por onde começar. Orientação no espaço, sentido de direção, parada, corte e ritmo. “Imaginação ativa” (Jung), suspicácia ou alerta. Não existe técnica para aplicá-la... Apenas reconhecemos quando ocorre. Sugestão de paciência, abertura da mente, estado meditativo não a galope por respostas esperadas, menos ansiedade, podem ajudar.
Razão e intuição, como explicitá-las? Há ideias, sentimentos e afetos que não se considera possíveis, mas que estão vivos dentro de nós. Achar que pessoas normais sabem muito bem o que pensam é esperar que certas coisas sejam compreendidas por quem não as vivenciou. Existe um domínio pouco explorado de experiências psíquicas em que poucos conseguem penetrar. Nele, um acréscimo de conhecimentos, cuja porta encerra imagens simbólicas. Por exemplo, num sonho o motorista durante a condução do carro, por momentos, permanece paralisado... As imagens do automóvel e da paralisia, mesmo que o condutor se considere absoluto senhor da situação, ele pode ser acometido de uma inércia não prevista. O fato de inexistir a pré-consciência da paralisia, vale recorrer à lembrança, talvez, dos últimos descontroles ou afobações.  Estresse – um sinal. No caso, não chegou a ocorrer desastre, mas a pessoa a quem o sonho nos leva diretamente, em seu dia a dia, passou a apresentar preocupante mal físico. Sua grande capacidade como motorista, não levou em conta que todos estamos sujeitos a descompassos e  acidentes, até involuntariamente. Muito zelosa nos seus afazeres, trabalho e relações familiares, a pessoa do motorista vive predisposta a estados de indignação. Muito previdente e providente, é mente e coração abertos a necessidades reais ou imaginadas na convivência humana diária.
Costuma vir à mente espécie de tábua salvatória – a autorregulação. Acreditar que tudo na vida segue um caminho, além do destino que até podemos chamar de provação, seria passo para um certo desarmamento. Desengatilhar intenções e respostas prontas, na certeza de que o estado de imperfeição não só pertence às coisas do mundo como às almas. Preocupações, em geral, constituem despreparo mental para imaginar o positivo que nos torna serenos e confiantes, melhor dispostos para agir com correção. Quadros mentais e sentimentos são quadros expostos. Pensamos na base de estereótipos, imagens cristalizadas pelo costume. Existe, inclusive, a chaga dos preconceitos. Então, é por demais fácil se entregar ao negativo, já que há tanta coisa errada e condenável. Nas dúvidas, orar.    


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