12/12/2012

SER BOBO PODE SER BOM

Sobre os “idiotas da objetividade”, expressão de Nelson Rodrigues, observo que meu foco está no que se diz e não em quem fala. Sofri muitas vezes, por ter sido considerado não-operatório. Um sujeito que faz as coisas pela metade, de forma incompleta e com erros. Também acusado de ficar por cima do muro, quando não tomo as decisões esperadas. Estas que fortalecem grupos e corporações. Sempre me dei mal ao fazer relatórios orais ou por escrito. Falar é sempre mais difícil, exige pressa e menos reflexão. Palavras conclusivas, explicações não são o meu forte. Costumo me expressar com circunlóquios, não claramente. Daí para o conceitual abstrato, às vezes de compreensão nada fácil. É quando me escondo?! Meus esquemas, em geral, permanecem abertos. Sou meio bobo em grupos operatórios. Não digo o que gostariam de ouvir. Chego, também, a acertar, pesando adequadamente minhas palavras. Isto quando sopram bons ventos. Falei em Nelson Rodrigues, nosso grande dramaturgo. Outra dele: “Quem ganha e perde na vida é a alma”. Ao me olhar no espelho, surge a imagem de um filósofo de botequim, hoje de blogs. Minha formação universitária e de professor não me tira o espírito de superficialidade e do improviso. Mais do que professor, sempre fui um “facilitador de grupos” voltado para o sentimento e a cosmovisão. Jamais doutrinei, pelo menos conscientemente. Meu filósofo predileto é Heráclito (séc. VI a.C.), aquele que tinha uma visão estética do mundo. Estética é sensibilidade. Tem a ver com meu interesse pela prática artística (imagens, palavras, poesia). Vou parar por aqui, mas numa última arriscada: Na vida profissional você precisa do básico, seja no trabalho, seja em atividades lúdicas, mas sem arte e poesia você não ilumina o que faz. 

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