Sem assumir certas coisas, como ter uma atitude compreensiva perante elas? Fácil, só ir contra ou aceitá-las de maneira irrestrita. Ao “entrar” no que se quer entender, os lados positivo e negativo do fluir da vida surgiriam como “abrangente” e “agente”, interagindo em abertura (paradigma) e fechamento (problema). O perigo é a síntese-conclusão-definitiva, quando nos vemos donos da verdade. Nosso próprio ser é como superfícies de uma só face, convive com a polaridade do bem e do mal. Buscamos, de forma consciente ou inconsciente, a melhoria dos aspectos racional e afetivo. As religiões surgem como o “mais além”, já que a vida rotineira não nos satisfaz. São terapêuticas para a tristeza e a solidão, ou para as perturbações da alma. Há valores cristãos consagrados que permitem o estabelecimento de uma compreensão mais profunda. Através deles espargimos amor e solidariedade. Numa espécie de “andares superiores” a personalidade estaria singularmente desapegada, tanto dos acontecimentos penosos, quanto dos felizes. Existem afetos de amor e afetos de dependência. Uns nos clarificam; os outros nos apagam. Como ultrapassar o âmbito das complicações emocionais e dos abalos intensos? Como adquirir uma consciência mais desapegada do dia-a-dia mundano? Tirar o corpo da questão da espiritualidade é sair da ordem humana... ou se trata de alguma perturbação do equilíbrio psíquico. Manter-se com firmeza na própria terra, o melhor na assimilação de certa transcendência. Agora, ser senhor dos próprios “deuses”, rara conquista. É como conhecer as portas de “entrada” e “saída”, nossos princípios reguladores. Mas isso é processo, exige constante aprendizagem. Não se chega aí por uma reta só. O caminho implica em sinuosos contornos.
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