
Depois de gente importante do teatro falar sobre Sérgio Britto, quem conviveu por longo tempo com ele, como fico eu? Período curto em que tive o privilégio de conhecê-lo. Trabalhamos juntos em “Os Interesses Criados”, de Benavente, no TBC, eu fazendo pequeno papel. Anos 50. Naquela época eu me nutria de teatro na PUC-SP e interpretava monólogos shakespeareanos em eventos culturais. Aprendi com Sérgio a pensar teledramaturgia... Uma primeira experiência não bem sucedida. Gerado um suspense, em seguida tudo modorrento demais. Ele, então, me sugeriu adaptar “O Pai Goriot”, de Balzac. Fui bastante fiel ao texto, com o precioso apoio desse intelectual denso e profundo que era o Sérgio. Conversávamos sobre atuação dramática, inclusive em cinema. Criticou recente filme soviético pelo exagero expressionista. Ele não acreditava no cinema brasileiro, nem no argentino. (Hoje, teria outra opinião, por certo.) Ao lado da experiência do TBC eu vivia teatro na faculdade, onde estudava filosofia, aluno dos menos interessados no curso. Levei Sérgio para ver o ensaio de duas peças em que eu atuava e dirigia, tal o seu desvelo em ajudar neófitos como eu. Quando no TBC, ele também fazia teleteatro, sendo o idealizador do Grande Teatro Tupi (RJ) para o qual fiz a adaptação de “O Pai Goriot”. Sérgio Britto deu a entender que contribuía para a formação de um novo adaptador para teleteatros. Ironizou com a abundância dos “ohs!”, do livro, e que pus na peça. Um trabalhão para os atores. Precisava de mais gente para encenar, ele contando já com seu pequeno grupo de atores na ponte aérea. Depois da temporada de “Os Interesses” perdi o contato com Sérgio, sem saber se “O Pai” foi para o ar. Já homenageei este grande homem do teatro no meu blog, antes do seu desencarne. Médico obstetra que preferiu a carreira de ator. Faleceu dia 17 passado.
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