
Penso na importância de se registrar o feito. Pode-se dispensar o vasculhar da memória. Ela agradece. A retomada do ocorrido é suporte para reformulações, ajuda a que não se perca o pé de apoio. Base para novas atitudes e comportamentos. O que Proust viveu no passado –os quitudes Madeleine – gerou seu grande romance. Novas ideias alinhavadas (“Em busca do tempo perdido”). Assento para a revisão do vivido, de valores e de conceitos. Minha proximidade com objetos, no caso é o olhar para o que parece não existir mais, um quadro por exemplo. Puro engano. O feito/fato graças ao registro que se cola no cérebro, instante postado com sabor, foto, desenho ou palavras escritas em cadernos ou na memória do computador. Assim, parece que a existência adquire maior sentido. Nova fonte de inspiração... Passei pela triste sensação de me afastar de uma pintura ou escultura. Vendi ou dei o que me é querido. Na época o sentimento seria outro? A foto ficou. Dezenas de anos passados. Nostalgia ao só ver a fotografia. Hoje, um novo calor, graças ao giclée (plotagem). Copiada e tratada a imagem original, simples alterações ou melhoras, com ou sem maiores mensagens concorrentes, no suporte que se deseja, canvas (tela de pano) ou madeira, tenho agora o regresso da pródiga cena. Curvo-me à tecnologia. Certo que outra vibração, podendo a ideia original ser aprofundada a partir do genérico “técnicas mistas”. Retoques ou inserções a valorizar traços e manchas pretéritas. O que disse acontece como esquema, “moldura movível” para outras situações. Imagino, também, o humano renascendo.
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