09/08/2010

PARANDO O MUNDO

Começo de agosto. Dias vazios em Peruíbe. Nunca tempo tão fechado e sem sol. Chuva ou garoa fina. Sem filmes, sem cinema, sem computador. Escrevi só isto: Gostaria mesmo é que os meus Cadernos e blogs fossem como um “aleph”, ponto das tensões de nossa vida. Nele, as contradições, as lutas e os sonhos. Sobre o “aleph”, o que se fala é como não dizer nada. Levei as “Memórias...” de Jung, relidas à exaustão. Nem abri. Tranca, tranca, tranca – espécie de jogo da vida para momentos atemporais. Maria e eu, nós num espaço com vistas para o mar. Trancados. Comemos bolinhos de bacalhau, gordurosos, deliciosos. Uma caipirinha, daquelas no mesmo copo de requeijão, sorvidas intermitentes. Bar de madeira do português, no portinho. Fim da manhã, frio e garoa, gripe começando, eu no gelado. Maria tira de letra situações assim. O bacalhau não fez mal... Repetimos. Quase uma semana, da tarde de um domingo a sábado, a gente voltando para Atibaia, manhã ensolarada. No tempo que não anda, baralho e tevê (eu, a detesto), Maria vai às compras (o que ela curte). Televisão, jornais falados e vistos, noticiário que se repete, prisões, assaltos, desastres urbanos e da natureza. Uma “Ilustríssima” da Folha de domingo (1º de agosto), ajudou. Foi devorada. Algumas arrumações no apartamento, Maria, além da simples decoração... É uma artista visual. Quero que volte a pintar quadros, o que já fez muito bem. Levei o violão. Brinco com os acordes, modificando andamentos. Chego a pensar que posso até virar músico. Pego meus poemas bissextos, sambas clássicos cifrados, várias sequências harmônicas, novo mundo a descobrir. Não encarei o trabalho com escalas. Para quê, se tenho séries de acordes dos sambas clássicos? Frustração é não ser músico. Agora, acho que dá pra encarar. Até hoje, tateando com canto e violão, sempre reproduzindo quem não sou e jamais vou ser. Tive alguns professores. Certa base, pobre, adquiri com muita repetição, me sentindo um medíocre copiador. Tudo o que você ingere, a partir de mestres, gurus ou guias, costuma causar indigestão se se os leva a sério. Muitos começam assim, para depois se libertar... se conseguem. Alimentos, drogas, ideias, o que é consumido com exagero e radicalismo aperta como um laço em rês treteira. Vai-se para o curral da solidão, talvez a maior aprendizagem, né Moraes?

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