29/07/2010

IMAGEM E SEMELHANÇA

Prossigo no meu interesse pela filosofia de Sartre. Por enquanto, um voo superficial. Parto dos meus esquemas, gestalts abertas, sentindo que o existencialismo é um humanismo. Costumo citar Merleau-Ponty daquele livrinho (“Humanismo e Terror”): “O mundo humano é um sistema aberto e inacabado e a própria contingência fundamental que o ameaça de discordância o subtrai também à fatalidade da desordem e o impede de desesperar, sob a única condição de que nos lembremos que os aparelhos são também homens e que mantenhamos e multipliquemos as relações de homem para homem”. Pelo que aprendi com o mestre Lauro de O. Lima, procuro sempre colocar alunos e participantes de grupos em círculo... como numa aldeia global. Gente diante de gente. O mínimo que se pode fazer num giro sociocêntrico do Eu. Que o significado, partindo do homem, tende a tornar o homem mais responsável, nem importa que o efeito seja algo de superfície, um reflexo, uma espuma, o homem cedendo o privilégio de ser um centro mediato... relacionado com outras pessoas, intérprete e difusor de idéias, aquele que pratica a reciprocidade (nós) e a reversibilidade (pensar o que o outro pensa). Lutar por esse privilégio, através da “negação” existencialista, pode torná-lo mais existencial, humano. É quando se lida com o homem concreto à minha frente, não com uma abstração ou modelo. Ver quem assassina Deus – Sartre, Nietzsche – como grandes colaboradores de Deus, pela ênfase que dão à liberdade e à responsabilidade humanas. É pensar seriamente a própria racionalidade. É pôr Deus no coração e na mente dos homens. Ele deixa de ser bandeira, fanal distanciado para entrar nas veias e nos pulmões do homem existente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário