17/11/2018

A HORA “D”


Madrugada. Quinze para as quatro horas. Palavras mais simpáticas do que números. O desembarque das tropas chefiadas por Maria. Uma primeira vitória encaminhada. Antes, fase de tensões fisiológicas. Um país, cujo organismo foi travado. Soluções aparentes não tocaram na raiz dos males. Tentativas lícitas e ilícitas, subjetivas e objetivas, não deram certo. Ou, a crise de grandes dimensões acaba por contribuir no aclaramento da consciência para a doença sistêmica. Caos é a palavra a ser ouvida. Adormecer e sonhar. Maria pergunta: “E, você, não tem escrito?” Blogs esperando, mais de 14 mil visualizações. Respondo: “Falta de tesão”... O que atribuo ao capítulo recente das eleições. Um presidente populista autoritário vai ser empossado em janeiro próximo. Mas já começa a dar as cartas. O perigo de uma prisão de ventre irremovível está no retrocesso. A destacar: meio ambiente, segurança pública, agenda cultural. A bancada do boi, da bala e do Velho Testamento num Congresso de rentistas. Artefatos espoucam no sanitário da casa, ensaios a prenunciar tanques e canhões. Não se conhece direito nem as estatísticas de desemprego. O abdome intestinal não está bem. Vive-se na dependência de acordos orgânicos. Cérebro e intestino irmanados. Sem bravatas linha-dura, não militarizar o organismo. Ele não é uma pirâmide a se afogar em atoleiro. Estado Novo  e AI-5 que fiquem nas dobras do passado. Hoje, véspera da proclamação da República, lá pelas 21h, introduzo, com alguma dificuldade, no próprio reto, um remédio à base de ácido esteárico, hidróxido de sódio e cloreto de sódio. Às três horas e quarenta e cinco minutos, depois de paciente horizontalidade na cama, adormeci acreditando no fiel agente curador. O sono veio naturalmente, antes eu imaginando se o efeito corresponderia ao esperado. Não havia certeza com relação ao momento do desembarque. Vem a manhã da proclamação da República. Levanto com boa expectativa esperando que o eterno sol me ilumine. Notável tiroteio com balas  projetadas no bungee-jumping (ioiô intestinal). Com elas os meus preconceitos e o ardente desejo para que o presidente e sua equipe, cuja missão é limpar o cólon da nação, cumpram o próprio papel. Nada como finalizar este relato, às 5h24, de 15 de novembro de 2018. Peço que o amor nos rodeie, e que a luz interior guie nossos passos. Dia glorioso, aniversário de uma República a ser preservada assim como a democracia, desde os idos do fim da ditadura militar (1985).

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