Chamar certas obras de livros é dizer
muito pouco. Às vezes são projetos de dezenas de anos. Caso do Manjar Branco no Asfalto que chamo de
romance mas não passa de obra ambiciosa. Recentemente devo editar centenas de
tuítes com o nome Ipansotera. Os tuítes
ou hipotiposes (outro nome) andam há anos pela internet. Continuo produzindo
textos avulsos, fragmentos, ao sabor de momentos mesclados num só fluxo. Os livros
crescem, passagens são excluídas, enquanto outras se incluem. Sem enredo e
cronologia, a ordem correta é fora de ordem. No caso das hipotiposes cada
edição é um livro diferente. Quais páginas incluir e em que ordem? Pensando
também nos meus Cadernos do Beiral,
em que há textos manuscritos a decifrar, caligrafia em caixa alta, dificuldades
se repetem. Que tal páginas avulsas em recipientes adequados, o leitor montando
os próprios conjuntos? Livro inacabado? Mandálico, mutante, a critério de quem
lê. Obra que renasce e se refaz, segundo o gosto do interlocutor. Questões autopropostas,
um diário íntimo, reflexões filosóficas, prosa poética, orientação existencial,
consciência fragmentada em palavras e imagens . Não há definições para esgotar
o definido. De raspão, diria que ipansotera tem a ver com alegria e tristeza da
vida; hipotipose sugere rascunho, esboço.
******************
Nenhum comentário:
Postar um comentário