Sentimos e criamos uma
realidade que nos parece coesa, coerente. Mas ela é disparatada: inclui inverdades,
utopias, desastres, o ilícito, coisas insanas ou inesperadas. Faz parte da
experiência política, entra no cotidiano das trocas sociais. A essência do
homem é uma falta, aquilo que não se possui. Desejo é o desejo do outro. É o que
o outro tem mas que eu não quero. Somos repetitivos, já que cometemos sempre os
mesmos erros. Na linguagem comum, o desejo não se inscreve totalmente. Não se
imaginar senhor do próprio destino, o que implica compreender a dinâmica do estado
desejante. Se achar que os sentidos fazem sentido, o caminho é outro. A palavra
fica com o inconsciente, senhor da linguagem. Como explicitar a verdade do
desejo? Qual a raiz do que se deseja? Discursos se apropriam das aspirações humanas.
Dizem o que se quer desejar. Na política, a fala de quem desloca desejos para
os desejos de outrem. Esquecer do próprio querer é entregar-se a modos
pré-fabricados (anúncios publicitários, como dia disto ou daquilo; metas, objetivos, funções). É quando
se esquece o que está mais enraizado, e atende melhor às nossas necessidades.
Mecanismos de atitudes e comportamentos já estão aí na praça do mercado. Não
permanecer à margem do que é mais importante e essencial.
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