23/08/2018

O DESEJO



Sentimos e criamos uma realidade que nos parece coesa, coerente. Mas ela é disparatada: inclui inverdades, utopias, desastres, o ilícito, coisas insanas ou inesperadas. Faz parte da experiência política, entra no cotidiano das trocas sociais. A essência do homem é uma falta, aquilo que não se possui. Desejo é o desejo do outro. É o que o outro tem mas que eu não quero. Somos repetitivos, já que cometemos sempre os mesmos erros. Na linguagem comum, o desejo não se inscreve totalmente. Não se imaginar senhor do próprio destino, o que implica compreender a dinâmica do estado desejante. Se achar que os sentidos fazem sentido, o caminho é outro. A palavra fica com o inconsciente, senhor da linguagem. Como explicitar a verdade do desejo? Qual a raiz do que se deseja? Discursos se apropriam das aspirações humanas. Dizem o que se quer desejar. Na política, a fala de quem desloca desejos para os desejos de outrem. Esquecer do próprio querer é entregar-se a modos pré-fabricados (anúncios publicitários, como dia disto ou  daquilo; metas, objetivos, funções). É quando se esquece o que está mais enraizado, e atende melhor às nossas necessidades. Mecanismos de atitudes e comportamentos já estão aí na praça do mercado. Não permanecer à margem do que é mais importante e essencial.

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