NADA CHEIO DE TUDO
E o
Manjar, como está e como fica? Ele em gavetas, caixas, ou sobre a mesa. Sono
letárgico como o do autor. Não mais tempo para uma amante culta e atenciosa,
ajudando a enfrentar percalços. Mulher, por mais que a amemos oscila como
terror divino cobrador e a mãe zeloza que já se foi. Sobra-nos a queixa, último
alento de uma existência plena de inércia e confusão. Um dia, intelectual e
literato, multiartista para um nada cheio de tudo. Imagens do quê? À espera do
rápido instante mandálico e programático. Boas ondas e boas vibrações aonde te
escondes? Não assalariado, sem quem nos paga, hora dos remédios: pressão arterial, colesterol, infecção
ocular, regulador intestinal, vitamina D... E o que mais nos aguarda, fantasmas
de esquinas traiçoeiras. Fuga dos ritos e dos algoritmos de Euclides. Antes, pedagogo
apaixonado; hoje, octogenário que se irrita com a correria e gritaria das
crianças (8 bisnetos). Tudo muda, enquanto ficamos cada vez mais surdos e
mudos. Ah... Pelo menos de vez em quando um grito primal terapêutico. Ninguém
acorda face ao desprezível senhor das elucubrações. Frágil mesmo é o
pensamento. Nem dormir tranquilo como um respeitável hóspede. Que não tranque
as portas, nem dirija automóvel em estradas. Qual a próxima besteira? Isto aqui
é um desabafo para ouvidos moucos. Resta a leitura cotidiana de intelectuais
pessimistas e indigestos, postar mais um dos milhares de aforismos já no
Twitter. Muitos também escorregando para o Facebook. Textos maiores – talvez
este também – no impansotera.blogspot.com. Por vezes, algo que se sente
profundo mas obscuro para leitores menos dispostos a enfrentar abstrações.
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