03/05/2018

NADA CHEIO DE TUDO


E o Manjar, como está e como fica? Ele em gavetas, caixas, ou sobre a mesa. Sono letárgico como o do autor. Não mais tempo para uma amante culta e atenciosa, ajudando a enfrentar percalços. Mulher, por mais que a amemos oscila como terror divino cobrador e a mãe zeloza que já se foi. Sobra-nos a queixa, último alento de uma existência plena de inércia e confusão. Um dia, intelectual e literato, multiartista para um nada cheio de tudo. Imagens do quê? À espera do rápido instante mandálico e programático. Boas ondas e boas vibrações aonde te escondes? Não assalariado, sem quem nos paga, hora dos remédios:  pressão arterial, colesterol, infecção ocular, regulador intestinal, vitamina D... E o que mais nos aguarda, fantasmas de esquinas traiçoeiras. Fuga dos ritos e dos algoritmos de Euclides. Antes, pedagogo apaixonado; hoje, octogenário que se irrita com a correria e gritaria das crianças (8 bisnetos). Tudo muda, enquanto ficamos cada vez mais surdos e mudos. Ah... Pelo menos de vez em quando um grito primal terapêutico. Ninguém acorda face ao desprezível senhor das elucubrações. Frágil mesmo é o pensamento. Nem dormir tranquilo como um respeitável hóspede. Que não tranque as portas, nem dirija automóvel em estradas. Qual a próxima besteira? Isto aqui é um desabafo para ouvidos moucos. Resta a leitura cotidiana de intelectuais pessimistas e indigestos, postar mais um dos milhares de aforismos já no Twitter. Muitos também escorregando para o Facebook. Textos maiores – talvez este também – no impansotera.blogspot.com. Por vezes, algo que se sente profundo mas obscuro para leitores menos dispostos a enfrentar abstrações. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário