07/12/2017

A IDADE E AS ALEGRIAS

Vou pensando em certa condição que piora com a idade. Não só a saúde do corpo. Se é que dá para separá-la da mente. Esqueço nomes. Até de amigos grandes e pequenos. Ignorância onomástica pura? Rostos? Identificar face e olhos, o que nem ajuda sempre. O resto é neblina, como diz João Pereira Coutinho. Seu artigo na Folha (5-12-2017) me foi oportuno. Lembro aquela moça, parada diante de mim, no supermercado, cumprimentando com um sorriso. Mais tarde a lembrança de quem não sabia, personagem de um quando talvez distante, da morte do pai no fim do ano. Fui desconfiando de quem se tratava. Que fiasco! Naquele lugar público, eu com a bela moça, sem poder, pelo menos, começar um papo. Nada de conversas memoráveis. Para os médicos, num ato de soberba, fiz a “vela”, aprendida na yoga. Eu plantando bananeira, no carpete da sala, de cabeça para baixo. Certa vez encenei com as flexões das pernas que, no banho diário, repito 12 vezes. Não tenho “personal trainer”, ainda me viro sozinho nos alongamentos, religiosamente todas as manhãs no banheiro. Caminhadas com minha mulher acontecem alguns dias na semana. Estranho, agora, ao concordar quando ela diz: “para mim basta”. Eu: “para mim também”. Nada de academia. Afinal temos um metabolismo próprio, físico e de decisões. Atuei como professor de tênis (instrutor, menos pedante), por bons catorze anos... E, depois, a yoga com a Tamara, eu fazendo a “vela” orgulhoso. Até nos recentes espetáculos do “Quebra Nozes” deste ano, como o tio da Clara. Não me quebrei com a bananeira de cabeça para baixo. Em abril de 2018 completo oitenta e três desnascimentos.


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Um comentário:

  1. Saudações, admirável guerreiro!

    Quanto tempo, hein parceiro? rs

    Não, apenas, a idade cronológica nos definha mas principalmente a inatividade intelectual!
    Assim considerando, não o reconheço com "83 desnascimentos" e sim, invertendo os números, um viril "três oitão"!!! Visto sua inabalável capacidade de raciocínio e lucidez... em extinção em muitos da nossa espécie, independentemente de idade.
    Nem pense em desanimar meu amigo!
    Com sua saúde física e mental, seria um desrespeito indescritível ás "forças ocultas" e até aos enfermos uma hipotética entrega de pontos!
    Vamos, e estou aqui para isso, por mais lenha na fogueira!
    Se não existisse calendário será que daríamos tanta ênfase ao que vivemos e, sobretudo, ao que viveremos?? "O Ministério da Saúde adverte:
    A consciência do tempo, por vezes, poderá ser fator negativamente limitante no extravasar da vida!"
    Exemplo de quem desconheceu o tempo, um indonésio - que descansou merecidamente em abril deste ano aos, PASME, 146 ANOS!- Mbah Ghoto certamente foi um garotão fazedor de "vela" 63 anos antes de se despedir, ou seja, aos 83 anos!!
    Vigoroso amplexo, amigo!

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