03/02/2016

A PONTE QUE SOBE E DESCE

Há os que precisam ver para crer. Outra forma é sentir de forma intuitiva sem a necessidade de provas físicas. São duas vertentes do saber. No segundo caso, para o entendimento, basta incluir novas possibilidades. Existem verdades psíquicas que não precisam ser explicadas ou demonstradas. Tal atitude corresponderia mais a um ato de devoção fora da objetividade científica? A razão se chocando com o sentimento ou a intuição? De outro lado estaria uma espécie de religiosidade, termo que foca a palavra religião no sentido de “tornar a ligar” (Jung).  
Religiosidade pode ser desenvolvida, cultivada e aprofundada; também negligenciada, deturpada ou reprimida.
Como um denominador para artes e drogas é mais do que a atitude de que “a vida só não basta”, ou de simples fuga do cotidiano. Para quem preferir, acrescente-se o produto entorpecedor da droga, portanto o contrário de combustível espiritual para a ação.
Aí estão meios de se descobrirem dimensões outras no mundo tido como real. Questão impertinente é a que indaga sobre o que é fato ou versão. Fato, o que se comprova; versão, no terreno do imaginário.
Busca da totalidade psíquica é fonte de energia, experiência carregada de qualidades a um tempo terríveis e fascinantes.  Como indicador a crença em Deus, ou simplesmente admitir que nos relacionamos com um fator desconhecido em si, cujo nome nem importa. No sistema da psique humana é inerente a presença de Deus. Evidente que Ele existe.
O homem, como possuidor do dom do pensamento... A chamada “fé raciocinada”,  atribuída ao espiritismo, equipara a religião à ciência.  Inclusive, o próprio temperamento científico possui o aspecto devoto (William James).
No caso da linguagem dos símbolos religiosos, o significado psicológico deles precisa aclarar para que não sejam relegados ao esquecimento.
A religião é como um instinto. Aciona elementos com fortíssimas cargas energéticas e intenso dinamismo. O termo numinoso parece melhor expressar isso. Sonhos, visões ou êxtases podem nos levar a esses fatores. Encarnam: deuses, demônios, espíritos... Deuses possíveis e imagináveis.
Uma ponte móvel sobe e desce. Na horizontalidade, a comunicação racional tende a estabelecer-se de um lado para o outro. Quando sobe, a ponte representa o ego que se dirige para o espiritual e a mística.  Áreas distintas de conhecimento. No nível da água ou da terra, a ponte pensa mais. Ao subir, há quem consegue ligar o consciente  ao inconsciente, encontrando a linguagem simbólica. A mesma dos sonhos e das visões. Nos símbolos, farta energia.                  


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