19/09/2014

O SOBRENATURAL NATURAL



Selecionar o que se lê, vê ou ouve deveria fazer parte da lide diária. Um bom jornal, com bons colunistas e ensaios, entrevistas e reportagens inteligentes ajuda no entendimento do mundo e da vida. É não passar em branca nuvem, como se diz. O rádio e a televisão podem ser boas ferramentas numa melhor sintonização desses meios. Saber pelo saber, passando ao largo do que valeria a pena repercutir é como o turista em seus voos rasantes, apenas lembrando o que viu, a maior compreensão boiando. No último dia 13, leio sobre o novo livro da historiadora Mary del Priore, “Do Outro Lado” (ed. Planeta). Como lidamos com o inexplicável? O que há depois da morte? Sei que quem não vivenciou certas experiências dificilmente crê na relação dos vivos com o mundo espiritual. Sobram informações desde a antiguidade. Mais próximos de nós, entre meados do século 19 e começo do 20, há relatos recolhidos em livros e na imprensa brasileira. Mesas falantes (ou volantes) ocorreram no país, notícias que datam desde 1853. O que era febre na Europa e principalmente na França. Pianos rodopiavam em Fortaleza... A divulgação de fatos e ideias espiritualistas vive impasse com alas materialistas e fundamentalistas de ateus, agnósticos e inatistas... Estes demonstram dificuldades em extrair o espírito das letras (penso na Bíblia). O pior é a falta de interesse pelo estudo e a investigação. Há uma irracionalidade presente no mundo racional. Eu, quando menino e adolescente, presenciei mesas e copos falantes nas casas de meus pais e do tio Zezé. Experiências tidas como sobrenaturais sempre atraíram artistas, intelectuais e outros interessados. Coelho Neto (1864-1934), acreditava na comunicação com os mortos. O barão de Santo Ângelo (1806-1879, em carta de 1867, a dom Pedro 2º, falou em ordens divinas para condenar a escravidão. Monteiro Lobato conseguiu êxito no contato com espíritos. O interesse surgiu a partir das mortes de seus filhos. Qual a família sem casos considerados sobrenaturais, como o que se atribui a ocorrências mediúnicas: psicografias, vidências, fenômenos de voz direta e sons inexplicáveis, comunicações orais, premonições comprovadas? Casos de obsessão e assédio, demências, a desafiar a psiquiatria convencional, são tratados em sessões e curados através da ação de espíritos. Para não falar nas cirurgias espirituais comuns nos dias de hoje. A chamada esquizofrenia, assim como neuroses e psicoses, poderiam incluir um componente espiritual perturbador... E fora da reencarnação, como explicar hipóteses de resgate (lei de causa e efeito), a precocidade na arte e os “idiots savants”? Estes, fora da normalidade, chegam a demonstrar habilidades incríveis e talento em áreas específicas. Há dados que os sabedores do sistema podem ver como possibilidades, e isso já é  positivo. Grande a bibliografia sobre o assunto, desde obras mais palatáveis (Carlos A. Baccelli / Inácio Ferreira) às dedicadas ao aprofundamento (Kardek, Chico / André Luiz, Emmanuel). O livro de Mary del Priore, ex-professora da USP, é minha próxima leitura.

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