Sobre Jesus e os “ismos” falei, na última
postagem, em degeneração provocada quando a teoria se especializa. Caberia
ainda a pergunta: qual a religião de Jesus?
O
processo de santificação é humano, mas podemos perguntar: o santificado, ser
imortal, passa a pertencer a qual religião?
Outra
questão: os espíritos pertencem necessariamente a alguma religião? Para quem crê
na imortalidade, pensando nas religiões cristãs, as almas, na dimensão
espiritual, seriam chamadas de católicas, protestantes ou espíritas?
Muçulmanos, budistas, tais atribuições se aplicam também às almas
extraterrenas?
O
assunto envolve sutilezas, além dos preconceitos adquiridos pela nossa formação.
Um partidário de Allan Kardec poderia perguntar se o mundo espiritual é espírita...
Passo a palavra ao Dr. Inácio Ferreira, em obra psicografada por Carlos A.
Baccelli, “Na Casa de Meu Pai...”: “Não, não é – pelo menos, nas dimensões mais
próximas ao orbe terrestre. As ideias que o Espiritismo difunde, não obstante,
imperam nas dimensões superiores, sem que, necessariamente, possuam este ou
aquele rótulo de natureza religiosa”. Não questionaremos o dado sobre a condição
superior dos ensinamentos espíritas. As religiões se consideram superiores,
umas com relação às outras. O fato de Kardec recomendar que se acompanhe de
perto as conquistas da ciência poderia dar supremacia a uma religião com relação
às que possuem caráter mais subjetivo e místico. Isso na perspectiva do racionalismo
científico. Chico Xavier afirmava acreditar que as religiões cristãs atingiriam
o estágio do “cristianismo total”.
Continuo
refletindo sobre o papel especializador dos “ismos”. Eu mesmo usei alguns:
espiritismo, racionalismo, cristianismo. Poderia acrescentar catolicismo,
protestantismo, budismo, islamis
mo...
Agora,
observem o seguinte: As religiões são muito recentes na história da humanidade.
Existem há, no máximo, oito mil anos. Já a espiritualidade existe há cerca de
duzentos mil anos, desde que o Homo
sapiens despontou. Face ao perigo dos “ismos”, como passaporte para o que é
mais verdadeiro, noto que eles servem a interesses pouco louváveis, que nada têm
a ver com a pureza dos ensinamentos para os quais servem de bandeira. Sugerem a
compra de consciências, a peso de “ouro”, com a desculpa do corporativismo
(olha o “ismo”). “Como a gente poderia se manter sem os tributos?” Quem cobra seria
o Estado religioso, corporativo. Daí os fundamentalismos e suas maléficas influências
pelas propostas radicais. Religião não é, necessariamente, portadora da espiritualidade.
Assim como a família não está para o amor. Mais do que ter fé é saber que Deus
tem fé em nós.
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