08/11/2015

ATÉ QUANDO


Lembro amigo, pensador filósofo, que evitou falar em Deus até nos seus derradeiros momentos de vida. Vida como entendemos, pessoas voltadas para o que chamamos de realidade. Vejam bem: amizade, pensamento e ação, filosofar, Deus, vida, realidade. Estas palavras e expressões já podem suscitar um mar de associações e preconceitos. Continuando: mundo terreno e mundo dos espíritos, subjetividade e objetividade, fatos e versões...
Só neste primeiro parágrafo quanta matéria para discussão. Um mundo de associações e quanta ideia preconceituosa. Parece até que o melhor seria comportar-se às cegas, seguindo impulsos num mecanicismo desprovido de maiores reflexões. Aquelas que buscam sentidos, dos mais simples aos mais complexos. "Viver" às cegas da razão e da imaginação. E ao imaginar, o fora de propósito, fantasias e utopias... Ou só acreditar no bom senso e no que pode ser testado pelos sentidos corporais.
Acontece que aprendi que mente e corpo são inseparáveis. Logo, mesmo sem querer, estamos pensando e refletindo. Não dá para se relacionar com as "coisas" de modo exclusivo.
Frases muito ouvidas: "O meu negócio é agir, não pensar"; "Fulano vive fora da realidade, é um poeta"; "Ver para crer"; "Quando ele vai pôr os pés na realidade?"...
Aquele amigo filósofo que não acreditava em Deus, também negava a existência de espíritos. O ponto geométrico e o volume, para ele, eram projeções. Lembrava o caso de se precisar de óculos estereométrico para enxergar duas dimensões. Dizia: "Volume não é algo real". O mesmo, em se tratando de espíritos. Fácil colocar Deus aí e as utopias. O mesmo com relação aos mitos, e ao que não pode ser comprovado em laboratório. Sonhos, simbolismos, na mesma panela.
O grande amigo, já falecido, antes de nos deixar, chegou a pedir a ajuda de Deus. Numa  vida essencialmente ativa apreciava o I Ching, produzia mandalas, e não dava bola para sistemas fechados de pensamento. Criticava a concentração de renda, o poder, o industrialismo governante. Mais de dois sempre era excesso... Criou uma "máquina" para reflexão abrangendo todas as áreas do pensamento e da ação. Chamou-a de Programática. Um sistema aberto, poliédrico. Dizia que sonhar lhe era um lugar comum, cotidiano.
A sensação é de que a vida é sempre paradoxal. Necessário estar aberto à interação dos opostos. Ambos se relacionam na equação abrangente (paradigma)/agente (problema a atacar, num primeiro momento). Há uma segunda vez em que as coisas podem se inverter - o abrangente vira agente e o agente vira abrangente.
        Meu amigo G.W.G. Moraes, assim como C.G. Jung, estão mais próximos da Física Quântica.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário