Para melhor compreender aquilo que nos afeta resta a mídia impressa e
televisiva. Ser capaz de selecionar bons cronistas e analistas da situação
política e social, verdadeiro desafio. Quem pensa por si mesmo? Isso requer
esforço a partir do fundo histórico da vida de cada um. Entendo que não haja
ideias novas. O pouco que nos cabe é alinhavar, ou seja, coser a ponto largo
para depois o fazer a ponto miúdo.
Foi lendo nesses dias matéria de Vladimir Safatle, na Folha de 7/8 último,
que parti do circunstancial para talvez um enfoque mais abrangente, embora não
conclusivo. De fato, buscar uma conclusão sobre o porquê de tudo que está acontecendo
é tarefa não esgotada por ninguém. Quando muito não se passa da consciência da
doença sem receita de cura.
O que não desincha é acreditar no equilíbrio produzido pelo imobilismo.
Quais as consequências para o Estado quando o que o move são barganhas
fisiológicas, loteamento de cargos e a crescente violência social?
Perigosos os gestores da inércia, estimulados por manobras
diversionistas. Só promessas de mudança? Bem menores os resultados do que as
expectativas produzidas. Uma amoralidade que se generaliza a olhos vistos,
silêncio que degenera, insuflando a indignação nacional. Faltam líderes para
dar um basta na endemia corruptiva? Ao se proclamar a democracia - melhor
regime entre os piores - a principal questão é a pobreza representativa.
Democracia sim... Mas o que vemos é uma democratização limitada. A política foi
gangsterizada, o que não é novidade, porém jamais, ao que parece, nas cores atuais.
Sei que não se trata de novidade desde o Brasil colonial. O que é isso agora?...
A república acabou?
O que mais choca é a brutalização nas relações sociais. Chegamos a ver
isso em muitas esferas, da doméstica à lúdica, onde o jogo não é o jogo.
Instituições em crise. Os que não querem a mesma coisa não têm mais como transformar
seu desejo em ação. Eis o imobilismo. Como caminho mais curto de um ponto a
outro surge a negação - desestabilizar o governo. Cepeís de fantasia para
intimidar. A luz, embora tênue, ilumina quando corruptos de colarinho branco
vão para a cadeia. Quando ocorreu isso na dimensão atual? Poderosos marginais
se debatem procurando intimidar a justiça. Isso aconteceu em Chicago, anos
1930.
No horizonte das rotas nenhuma mudança se
anuncia. É só o blá, blá, blá dos interesses partidários, cada um vendo a
própria imagem embalada para negociatas.
A crise, antes de ser econômica, é
política. Uma câmara perdida e não dá para confiar em outras instâncias. Sem
atores políticos para que o poder instituinte se apresente diretamente.
Necessário refundar a institucionalidade pública. Partidos já eram... Conchavos
de bastidores também. A democracia precisa se radicalizar...
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