10/08/2015

HORA DE RADICALIZAR

Para melhor compreender aquilo que nos afeta resta a mídia impressa e televisiva. Ser capaz de selecionar bons cronistas e analistas da situação política e social, verdadeiro desafio. Quem pensa por si mesmo? Isso requer esforço a partir do fundo histórico da vida de cada um. Entendo que não haja ideias novas. O pouco que nos cabe é alinhavar, ou seja, coser a ponto largo para depois o fazer a ponto miúdo. 
Foi lendo nesses dias matéria de Vladimir Safatle, na Folha de 7/8 último, que parti do circunstancial para talvez um enfoque mais abrangente, embora não conclusivo. De fato, buscar uma conclusão sobre o porquê de tudo que está acontecendo é tarefa não esgotada por ninguém. Quando muito não se passa da consciência da doença sem receita de cura.
O que não desincha é acreditar no equilíbrio produzido pelo imobilismo. Quais as consequências para o Estado quando o que o move são barganhas fisiológicas, loteamento de cargos e a crescente violência social?
Perigosos os gestores da inércia, estimulados por manobras diversionistas. Só promessas de mudança? Bem menores os resultados do que as expectativas produzidas. Uma amoralidade que se generaliza a olhos vistos, silêncio que degenera, insuflando a indignação nacional. Faltam líderes para dar um basta na endemia corruptiva? Ao se proclamar a democracia - melhor regime entre os piores - a principal questão é a pobreza representativa. Democracia sim... Mas o que vemos é uma democratização limitada. A política foi gangsterizada, o que não é novidade, porém jamais, ao que parece, nas cores atuais. Sei que não se trata de novidade desde o Brasil colonial. O que é isso agora?... A república acabou? 
O que mais choca é a brutalização nas relações sociais. Chegamos a ver isso em muitas esferas, da doméstica à lúdica, onde o jogo não é o jogo. Instituições em crise. Os que não querem a mesma coisa não têm mais como transformar seu desejo em ação. Eis o imobilismo. Como caminho mais curto de um ponto a outro surge a negação - desestabilizar o governo. Cepeís de fantasia para intimidar. A luz, embora tênue, ilumina quando corruptos de colarinho branco vão para a cadeia. Quando ocorreu isso na dimensão atual? Poderosos marginais se debatem procurando intimidar a justiça. Isso aconteceu em Chicago, anos 1930.      
No horizonte das rotas nenhuma mudança se anuncia. É só o blá, blá, blá dos interesses partidários, cada um vendo a própria imagem embalada para negociatas.

A crise, antes de ser econômica, é política. Uma câmara perdida e não dá para confiar em outras instâncias. Sem atores políticos para que o poder instituinte se apresente diretamente. Necessário refundar a institucionalidade pública. Partidos já eram... Conchavos de bastidores também. A democracia precisa se radicalizar...   

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