Quem cultiva
verdadeiros e escolhidos amigos? Dou a mão à palmatória... Sou um fracasso.
Amigos, parentes, esquecidos. Numa espécie de limbo aguardariam ser chamados?
Sei que a relação deve ser bicameral, daqui pra lá e de lá pra cá. Você dá e
recebe. Mas não acontece assim. Só quando a gente precisa é que pescamos quem
parece estar em águas profundas. De tempos em tempos, por associações compreendidas
ou não, eles chegam até nós. A internet, com suas redes sociais, sites e blogs,
pode ser uma via, já que se registra na pedra. Hoje, barbárie vigente (já é caos),
vem a lembrança da bela racionalidade de Lauro de Oliveira Lima. Surge a imagem
dele que reverbera em outras. Pessoas saudáveis, principalmente com relação a
pressupostos e paradigmas. Suas ações em vida, ou quando em vida, manancial de
ofertas preciosas. Gente dos dias esperançosos.
Por menos duradora que possa ser nossa relação com esses intelectuais, artistas,
educadores, psicoterapeutas, tempo de olho no olho, a marca que nos deixaram é
profunda. O que estamos sendo, o negligenciado que volta quando menos se espera,
ou quando se o deseja, bandeira que tremula
na direção do futuro, vai despertando o pouco de bom, mesmo vagidos, de nossa autoconsciência
evolutiva. Experiências adquiridas, índices (rumos), sinais (fumaça anuncia fogo),
símbolos (energia concentrada) sobre um futuro em nossas mãos, o que pode ser
promissor. Citar o passado não rola num caudal, mas pinga e parece se tornar
coisa acabada em lampejos ficcionais. Sina que abana a mão que chama. Agora, vem
o torniquete que nos cinge em infinitas recordações. Dói a sensação de que essas
pessoas compõem uma colcha de novas possibilidades de ação no mundo.
Tenho postado, o
que me chega pela mídia de imagens e palavras, a dureza dos tempos atuais. Reflito
sobre isso, pensando e lembrando as relações interpessoais, não virtuais, e o
bem que me fizeram para ter fé no futuro. Claro que poderia acrescentar o que contribuiram
autores ocultos e presentes em obras escritas, pintadas, filmadas, dramatizadas
em palcos e telas, e que não partilharam comigo suores e bafejos de carnes e
almas. Entram na somatória as obras desses autores e atores como parte indelével
de minha história de vida.
Depois de tanta
coisa ruim que acontece e que nos provoca ideias pessimistas e generalistas,
pelo receio de um chafurdar-se na lama, eu me detenho nas pérolas que colhi. São
assertivas, imagens redentoras plantadas, esquemas de ação, paradigmas,
cosmovisões, outras atitudes e comportamentos. Disso somos feitos e nos
refazemos com atividades inabituais do inconsciente. Necessário ter fé na busca,
sem a cristalização de verdades. A essência da sabedoria pode estar num cadinho
de imperfeições. Algo alquímico, em que a matéria bruta pode virar ouro.
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