01/03/2011

Do livro, autobiográfico, “Floresta”


Nos meus cadernos faço autoanálise e autocrítica. O alvo sou eu mesmo. Não critico arte, nem religiões. Ambas são fundamentais. Proponho potencial sempre discutível para melhor compreensão do que é arte e do que pretendem as religiões. Não me considero dono da verdade. A minha, é sempre provisória, eterna enquanto dura, como diz o poeta falando do amor. Dogmatismo serve para semear clivagens. É quando opostos não interagem. Entendo que não é legal a neutralidade, ficar por cima do muro. Mas protelar decisões não significa, necessariamente, falta de escolha. Recomendo, a mim próprio, não agir enquanto se duvida. Sei que no meu momento existencial estou mais tolerante. Tolerância não quer dizer aceitar o que não é ético. Importante a autorregulação, quando se intuem respostas à espera. Velho, não gosto da idade que me atribuem. Reconheço certas acomodações, perda de alguma exuberância, mas tenho ainda muito a expressar. Previ que começaria a publicar livros na casa dos setenta. Sinto paixão pela palavra. Algo que acredito me foi incutido pela minha mãe e meu irmão. Tive a sorte de nascer na era do rádio, o que abria a imaginação. Meu pai desenhava cavalos. Minha mãe tinha o seu diário e, mais tarde, aprendeu a datilografar por ela mesma, escrevendo dois romances. Eu lia livros, Monteiro Lobato, Menotti Del Picchia, ficção romântica, aventuras, policiais. Sempre amei o cinema, desde criança. Cantava em festinhas, o teatro veio depois. Eu me via menos feio, representando. Hoje, tenho três livros publicados¸ originais aguardando, uma década de páginas escritas em cadernos, cerca de 8 mil. Postagens na web, mais de 10 mil. Artigos em jornal, cerca de duas centenas. Na fase que estou passando o mais importante é a família. Cultivo literatura e as artes dramática e visuais. O dramático (ação e assunto) entra em tudo, até em minhas respostas mais emocionais. Sei que, além de fazer as coisas pela metade, deforno naquele sentido de arte expressionista alemã. Do teatro, resta mais o personagem de performances e curtas-metragens (performances e trabalho de ator). Além de substanciosas lembranças de fracassos e acertos. Alguma paz e segurança, finalmente. Aquela fissura pelo risco sensual foi diminuindo num preito à razão e à família. Tenho gratas recordações ao dançar o tango. Maria é o meu amor preferencial, talvez hoje temperado por excessiva racionalidade. Falo de sentimentos, embora veja aqui minha maior fraqueza. Timidez para expressá-los. Quando me surpreendo com lágrimas, percebo o quanto sinto e recalco. Tolstói me alerta: Se não ocorre a comunicação de sentimentos, não existe arte. Eu acrescentaria: Sem amor não há vida. Vivo um exercício poético/transcendente cotidiano. Aquela coisa de, inclusive, ver a morte como passagem. Assim, e sentindo a força da espiritualidade, pélvis que arrepia e novas ideias, o “sentido” passa a ser tangível. Posso dizer, como o filósofo, que conheço Deus.

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