13/02/2011

TER UM FILTRO PESSOAL


A face do mundo mudou? Em quê a mudança nos afeta, caso todas as épocas não sejam semelhantes? Formas de comunicação? As modalidades de violência, das brutais às douradas? O mundo mais populoso? O homem e as relações sociais? Aumentaram ou diminuíram os preconceitos? A política está mais ou menos corrompida? A educação chega a ser a própria vida? Necessidades vitais são mais ou menos atendidas? É inalienável o direito de perguntar. Pergunta suscita pergunta. Assim se exerce um ato de liberdade – talvez o único verdadeiramente livre: o de compreender. Muita violência assistimos, não a dos jornais televisivos, mas a dos filmes “Apocalipse Now” e “Nascido para Matar”, ambos de Coppola, revistos há pouco. Desde a mais psicológica à explícita. Violência contextualizada. Pensando na psicológica, que acredito pior por ser mais sutil e invasiva no cotidiano das pessoas, uma que desafia nosso DNA é a comunicação eletrônica. Por comunicação vamos entender também o que é pura informação, sem retorno. Retorno, feedback, retroalimentação, diálogo. A informação, hoje, se colocada em uma pilha de CDs poderia ir da terra até a lua. Comparação que me chega pelo jornal de hoje (Folha, 11-2-2011). A distância são 400 mil km. Na linguagem da informática: 295 bilhões de gigabyts. Eu, longe de fazer um cálculo destes. Agora, imaginem: E nossos filtros pessoais diante de tanta informação? Por indivíduo, por maior que seja a compactação, como num software, reduzidos o número de dados a processar, o que existe possui enormes dimensões. Dá para entender a fissura da juventude pela superficial relação nas baladas, pela velocidade e nos esportes radicais, para não falar no escape das drogas lícitas e ilícitas. Refletir é para poucos. Melhor deixar-se levar. Captar sentidos, significações, parece mais radical do que proezas físicas. Entendimento no trato pessoal e com o mundo, algo inglório? Mas o incrível mesmo é que acobertamos o espírito de procurar, de saber, por exemplo, qual a razão de existirmos. A vida nos foge pelos dedos tortos. Nosso DNA tem mais dados que todos os HDs. E nem estamos falando dos inconscientes pessoal e coletivo (Jung). Em termos fisiológicos, tudo o que foi produzido pelo homem apanha feio de uma única célula humana. Escrever o que escrevi pode ser só um escape. O artigo da Folha observa que “dez minutos no YouTube têm mais informação do que uma enciclopédia inteira”. Há maior desafio para as “escolas do saber”? E para a educação em geral?

Um comentário:

  1. Olá Euclides! Acabei de conhecer dois blogs muito bons e lembrei de ti... São do Inácio Araújo. Os links são esses: http://inacio-a.blogosfera.uol.com.br/
    e o outro é http://cantodoinacio.blogspot.com/
    Grande abraço! Daniel

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