Ipansotera é um blog de pensamentos. Mesmo em recados há a intenção de promover uma interação reflexiva. Não existe fundo ideológico fechado. O conteúdo são vislumbres de quem vê a vida como aprendizagem do espírito. O autor acredita na interatividade mais do que em afirmações inatistas e comportamentistas.
28/07/2010
1945, 1960... 2010
Estamos em 1945, 1960... 2010. Épocas da epidemia de violência de que falava Sartre. Basta ver e ouvir jornais impressos e os televisivos. Violência e corrupção em nuances imprevisíveis. Nos donos do poder, nos desempregados, marginais e na juventude, em todas as instituições, nas variadas áreas de atuação humana. Violência explícita e violência sutil. “Consciência”, “pessoa” relegadas a segundo ou terceiro planos. O sensório substitui o sensível. Tudo quantificado, medido, doença já com nome: “quantofrenia”. As palavras “programa”, “sistema”; não se diz que o homem “realiza o significado”, mas que o significado se impõe ao homem; não se é mais existencial, o que manda é o mercado, a monetarização, gente virando mercadoria. Isso é bíblico, sempre aconteceu. Na modernidade, a tecnologia acelera a degradação. A primeira página dos jornais fala em “furtos”, “exportação”, “crise financeira”, “massacres”, “desastres”, “seqüestros”, “lutas territoriais”, “guerras, guerrilhas”... e as catástrofes de uma natureza vilipendiada. Aprender a ler, a ver e a ouvir ao contrário pode ser boa lição, se agimos para mudar o que perverte. Mas não agimos, somos agidos. Uma visão otimista da história, o humanismo que revela sua concepção do sujeito, em causa o papel que o homem deve apresentar (não representar) na vida e no mundo. Apresentar é agir no ato, atuar. O que totaliza é o homem. O importante é o que o homem faz do que se fez dele. É a dialética que vai ensejar que se retome o significado da totalização. Sofremos o pior século... É preciso agir o novo século. Ambos tão próximos. Mais que o amanhã, o que conta é hoje. A estética, como estesia, sensibilidade, acena para a necessidade de reeducarmos os nossos sentidos. A ação futura está contida na ação presente, assim como a ação presente contém o próprio passado. Tudo o que criamos, deve-se aos outros homens, deve-se ao mundo, e também tem a ver com transcendência. Revoltar-se sim, mas em vista de uma ética que dignifique o humano. O pensamento não se diferencia da arte. Corpo é também pensamento, e ele é maior que a mente. Somos, ao mesmo tempo, produtores e vítimas da sociedade. O que se deve buscar é o homem em direção ao ser, na luta por uma idéia mais justa de justiça, mais solidária e amorosa, capaz de arrebentar as cadeias do indivíduo condicionado pelo sistema de resultados. Processos que afinam os sentidos são preferíveis à racionalidade voltada para o que serve, o que exalta a função em detrimento do significado das coisas.
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